terça-feira, 18 de outubro de 2011

René Grousset dirige ao céu vazio este cântico quase desesperado, mas belo:


Aquilo a que nós chamamos a história, quero dizer, este desenrolar de impérios, de batalhas, de revoluções políticas, de datas, sangrentas a maior parte, será realmente a história? Confesso que não o creio, e que me acontece, ao ver os manuais escolares, riscar em pensamento uma grande parte. . .

A verdadeira história não é aquela do movimento das fronteiras. É a das civilizações. E a civilização é, por um lado, o progresso das técnicas e, por outro, o progresso da espiritualidade. Podemos perguntar a nós próprios se a história política não é, em grande parte, uma história parasita.

A verdadeira história é, sob o ponto de vista material, a das técnicas, disfarçada sob a história política que a oprime, que lhe usurpa o lugar e até mesmo o nome.

Mas, mais ainda, a verdadeira história é a do progresso do homem na espiritualidade. A função da humanidade é auxiliar o homem espiritual a libertar-se, a realizar-se, a auxiliar o homem, como dizem os hindus numa fórmula admirável, a ser aquilo que é. É certo que a história aparente, a história visível, a história da superfície não passa de um ossuário. Se a história fosse apenas isso, não havia mais nada a fazer senão fechar o livro e desejar a extinção no nirvana... Mas quero crer que o budismo mentiu e que a história não é isso.

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