segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Seja um celebrante



Amado mestre, porque eu levo tudo tão a sério, a mim e a tudo mais?


Prembodhi, o ego só pode existir se você se leva tudo a sério , você e tudo o mais . Coisas como a brincadeira , como o riso , não matam o ego . Quando você começa a levar da vida como alegria e leveza , o ego tem de morrer , ele não pode mais existir . Ego é doença ; ele precisa de uma atmosfera de tristeza para existir . A seriedade cria tristeza em você . A tristeza é o solo necessário para o ego .


(...)


A pessoa verdadeiramente religiosa tem de ser uma celebrante. Olhe ao redor ... olhe para as árvores – elas são sérias? Olhe para os pássaros , ouça-os – eles são sérios ? A existência é completamente não-séria; ela vive dançando. Ela é uma eterna celebração , é uma festividade .


Somente o homem é sério , porque somente o homem tem tentado criar uma separação entre ele mesmo e a existência . Ele não quer ser parte do todo , porque , então , ele desaparece. Ele quer sua própria identidade , seu próprio nome , sua própria forma , sua definição . Mesmo que isso crie miséria está bem , mesmo que ele tenha de viver no inferno , ele está preparado para isso .


(...)


O ego quer ser o primeiro , o ego quer pôr todo mundo abaixo dele; daí ele se levar a sério . Daí ele ser perfeccionista: ele exige perfeição , que é impossível . Ninguém é perfeito ; ninguém pode existir por um único momento se for perfeito . A imperfeição é o jeito da vida , porque é possível crescer somente se você for imperfeito . Se você for perfeito , não haverá mais nenhum crescimento , mas nenhuma evolução . Se você é perfeito , você está parado. Perfeição quer dizer morte ; imperfeição quer dizer fluxo , crescimento , movimento , dinamismo .


O ego exige perfeição da própria pessoa e dos outros também . Ele pede pelo impossível e, como o impossível não pode ser alcançado, ele pode continuar vivendo. Ele não é feliz com o comum , com o ordinário ; ele quer o extraordinário , e a vida consiste somente do comum . Mas o comum é belo ! O comum é delicado ! Não há nenhuma necessidade de nada extraordinário . A vida comum é sagrada , mas o ego a condena como mundana . Ele exige uma vida extraordinária . Daí todas as religiões continuarem a inventar histórias sobre seus fundadores , as quais são todas inverídicas: Moisés separando o mar , Jesus andando sobre a água ... todas essas histórias são invenções , mentiras criadas pelos seguidores só para provar que seus mestres são extraordinários – que ele não é um ser humano comum .


De fato , a verdade é que você não pode descobrir um ser humano mais comum do que Buda , Mahavira, Jesus, Moisés, Zarathustra, Lao Tzu... Eles são tão simples ! Eles se aceitaram com são . Eles vivem o que é, em tathata. Eles não almejam por nenhuma perfeição . Eles vivem perfeitamente com o mundo imperfeito , ficam completamente contentes com ele . E eles não se levam tão a sério , que têm de atingir a grandes alturas , grandes picos , que eles têm de suplantar a todos . Eles não são insanos ! Eles são pessoas belas e a beleza deles consiste em ter aceitado o comum como extraordinário , o mundano como sagrado .


Prembodhi, você pergunta : “ Por que eu levo tudo tão a sério , a mim e a tudo mais ?”.


Todo mundo leva a si e aos outros seriamente. Esse é o jeito do ego existir . Comece a ser um pouco mais brincalhão e você verá o ego evaporando. Leve a vida não-seriamente, como uma piada – sim , como uma piada cósmica. Ria um pouco mais . 
OSHO, The Dhammapada, V.10, # 10"


Copiado do Luiz Eduardo. Gracias.

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