quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Caráter Nacional ... Artigo de @ToniFigo1945

In memoriam ao nosso solzinho” Edna @opcao_zili, que levou um pedacinho de cada um de nós e nos deixou seu sonho brasileiro a realizar.

Lá pelos idos anos 50 do século passado a presença da criança nas “salas de visitas” era pouco frequente, a não ser, quando visitantes de “primeira sentada” naqueles sofás cheirando a novos, pois recebiam muito poucos traseiros, a prole era de “apresentação obrigatória”. Este acontecimento sempre era uma oportunidade única aos “piralhos” de exibirem seus “dons” e aptidão para enfrentar o futuro, então uma perspectiva “muito distante”. Minha irmã caçula, então no berço e minha outra irmã, a “fadinha de cachinhos dourados” com direito a um “xuca-xuca”, sentada no colo do meu pai, não participavam ainda dacompetição”. Esse “páreo” só era corrido por meu irmão e eu e com um “handicap” totalmente favorável.  Bem, ele além de ser o primogênito, ainda herdara o nome do avô paterno. Ele era o “Neto” e, portanto o primeiro na linha sucessóriaJá eu, o segundo, tinha que ser “saliente”, para ser notado, o que sempre conseguia e invariavelmente vinha a pergunta, antes de ser tocado da sala para que começassem as conversas de adultos: O que você vai querer ser quando crescer? Como toda criança respondia com pelo menos quatro grandes certezas, sem deixar de mencionar a outra meia dúzia de convicções sentadas no “banco de reservas”.

Tem um futuro promissor, diziam alguns. Tem grandes qualidades, arrematavam outros. Eu e o Brasil despontávamos como “grandes promessas” e o que eu ouvia há 60 anos, já se ouvia do Brasil há mais de um século e foi atrás dos porquês da não transformação de promessas em realidade, que fui buscar na História algumas referências. Neste final de semana assisti a dois programas, que o “acaso”, (para quem acredita), apresentou e que foram muito elucidativos. Um foi na Globo News - PAINEL, de sábado à noite, que discutia a atual crise política brasileira apresentado pelo jornalista William Waack, tendo como convidadosBolívar Lamounier,Roberto da Matta Fernando Schuler do IBMEC. Por consenso discutiu-se as atuais carências como sendo de Crise de Autoridade, Perda de Valores e Limites da Democracia Liberal e uma Crise de Convicções. Contudo, para mim a mais importante delas e que foi mencionada muito ligeiramente pelo condutor é a Crise do Caráter Nacional. Qual o “dogma nacional”, que diz o papel do Brasil no Mundo Moderno e seu protagonismo.

Aqui me lembrei da influência do Iluminismo que atiçou a “chama da liberdade” com a Revolução Americana, mas que acabou por incendiar a Revolução Francesa e a importância do postulado comum: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, um propósito interno, mas que serviu para moldar a apresentação ao mundo de então de que ideias prevaleceriam nas ações internas e internacionais desses países. Lembrei-me também da Alemanha Nazista, que na busca de um projeto hegemônico tornou-se uma potência tecnológica em Energia Nuclear, Astronáutica, Equipamento Bélico, Ótica e Siderurgia. E da Alemanha Moderna, que mesmo com um custo de 1,3 trilhões de Euros no seu processo de Reunificação, pós Muro de Berlim, ainda se mantém como a Economia mais estável e basilar da Comunidade Econômica Europeia e também da antiga União Soviética, com seu postulado de um “regime comunista”. Difícil imaginar o poderio dessa Alemanha nos dias atuais, não fosse o erro de Hitler, quanto à imposição do Arianismo, se tivesse usado todo o “potencial racial” alemão harmonicamente. Hitler não conseguia enxergar além do seu tempo e ambições.

O outro programa foi no History, que versava sobre os 40 dias de Jesus na terra após a ressurreição, mas que abordava a importância da adoção por Constantino do simbolismo da Cruz na batalha de Ponte Milvia contra Maxêncio em Outubro de 312 pela Reunificação do Império Romano, (324 D.C.)Após esse evento o Cristianismo deixou não só de ser perseguido, como se tornou a “religião do estado” e para isso Constantino fez convocar o Concílio de Nicea, (325 D.C.) e nesse evento criou-se o CREDO, não só a uma “profissão de fé”, mas principalmente um princípio basilar imperial na condução do seu Império. Aqui no Brasil este tipo de decisão estratégica foi adotado única e exclusivamente em duas oportunidades e isso é muito fácil se perceber historicamente. A Independência foi claramente um ato de “dividir mantendo unido”, pois a recomendação de Dom João VI na sua partida foi muito clara: ”Antes que um aventureiro...” e isso implicava na manutenção do Reino Unido de Portugal e Algarve a todo custo. O problema foi a rebeldia do Parlamento Brasileiro de 1826 a 1831 contra o autoritarismo de Dom Pedro I e a usurpação do trono português por Dom Miguel em 1828.
No Segundo Império tivemos pela personalidade de Dom Pedro II e sua admiração incondicional ao processo de desenvolvimento americano a primeira tentativa de desenvolver um caráter nacional, através das muitas iniciativas de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, de copiar aquele modelo, mas estrutura feudal política e militar baseada nos “donos da terra” e principalmente pela posição “anti-escravagista” do Imperador minou esses esforços e levou à Proclamação da República sob a inspiração do Positivismo, semque o Brasil tivesse aprendido as lições históricas do Iluminismo. Tanto a República Velha e sua subsequente foram carentes de medidas nesse sentido e somente durante o Governo Vargas o Brasil construiu sua primeira siderúrgica, (CSN-1946), mas somente operacional no Governo Dutra e as iniciativas mais contundentes foram dadas por Juscelino Kubitscheck nos seus “50 anos em 5”, com a introdução da Indústria Automobilística . Willys Overland do Brasil iniciou a fabricação do Jeep com componentes nacionais em 1957 e com o motor nacional em 1959 e o Dauphine a partir de 1959. A DKW VEMAG iniciou a fabricação da VEMAGUETE em 1959. A FORD lançou em 1957 sua linha de caminhões e caminhonetes, assim como a GENERAL MOTORS em 1958. Volkswagen ainda que começada a instalar-se em 1953 no Governo Vargas só tornou-se uma efetivamente industrial já nos Governos Militares (1967).

Coube, entretanto aos Governos Militares de 1964 a 1985 dar o passo mais largo nesse sentido, tratando como um todo a carência infraestrutural do Brasil e objetivando um “projeto hegemônico regional” na América Latina e nesse sentido desenhar efetivamente o primeiro “plano de caráter nacional”. Aatuações diversificaram-se com as políticas de: extinção da SUMOC e sua conversão no CMN, (Conselho Monetário Nacional); Substituição de Importações, que fez da indústria brasileira uma das mais diversificadas do Mundo; o Programa do FGTS e BNH como garantia efetiva dos direitos do trabalhador e base do Programa da Casa Própriao MOBRAL e ampliação do Ensino Universitário; o Programa Nuclear, o Parque Industrial de Armamentos; o Regime Hidrelétrico Brasileiro, inclusive com objetivo da Segurança Nacional; PortosAeroportos; Ferrovias e Rodovias, Projeto RADAM responsável pelas novas províncias minerais, PROALCOOL, a liderança mundial na utilização de combustíveis renováveis, em face da Crise do Petróleo de 1973a agregação de 4,4 milhões de km2 pela Extensão dos Direitos Exclusivos de Exploração do Mar em até 200 milhas náuticas e onde se encontram as principais províncias petrolíferas e o Pré-Sal, a abertura das novas fronteiras agrícolas de Mato Grosso e Cerrado Minas Gerais, (Projeto Jaíba). Isso sem mencionar a Ferrovia do Aço, Ponte Rio Niterói, Mineroduto BH/Vitória-ES.

Foi o maior processo transformador infraestrutural de todos os tempos do Brasil e ainda que isto venha a provocar “brotoejas” em muita gente, esse foi o ”lado bom” da Revolução de 64, pois aos Generais Presidentes nunca se questionou: o nacionalismo; a honestidade e o patriotismo e a rigor creio, que para um planejamento tão complexo as origens e preparação desse movimento seja muito anterior a isso, pois foi uma obra digna da “melhor engenharia militar”. Esse “projeto de nação” foi construído e embasado em uma Divida Externa de US$ 230 bilhões e dentre todos os países que se endividaram nesse período foi a única a se justificar em realizações. As dívidas de Argentina e México sempre foram suspeitas de enormes desvios. Isto é fato. Isto é História.

A partir da Nova República mais nada se fez nessa direção e todo esse projeto entrou em colapso no ano de 2002 com o “apagão elétrico” no Governo FHC e o Brasil seguiu descuidando da sua infraestrutura, pois as grandes iniciativas foram exclusivamente no sentido da organização interna, (Plano Real, Lei de Responsabilidade Fiscal, Privatizações e Agências Reguladoras), no Governo Fernando Henrique e o Resgate da Miséria e a Redistribuição de Renda nos Governos do PT, o que o impediu e impede de competir em igualdade nos Mercados Globais. Tampouco o país se integrou aos Blocos Econômicos Globalizados e nem fez avançar os Acordos do MERCOSUL e assim parece atualmente que a única aspiração global do Brasil seja uma Cadeira Permanente no Conselho de Segurança da ONU. Na política interna discute-se o Controle da Mídia e a Comissão da Verdade, como se fossem essenciais aos ONP (Objetivos Nacionais Permanentes). Ao olhar com meus “olhos de 1964” afirmo: Choro pelos muitos “heróis do ideal”, que morreram por suas “verdades convictas”, mas não pelos sobreviventes “mercadores de contos” de quem somos reféns nos dias de hoje. São muito poucos em número e sinceridade para fazer 200 milhões de reféns na sua “luta privada”.

Uma afirmação do antropólogo Roberto da Matta chamou minha atenção naquele programa: Na Assembleia Nacional Constituinte em 1988 o Congresso Nacional contava com pelo menos 10 a 20“lideranças nacionais” relevantes e hoje não se consegue apontar cinco nomes”. Pois bem, não existem no Brasil de 2013 líderes e projetos para mudar essa realidade brasileira. É só cotizar os nomes que se apresentam e os que podem vir a se apresentar, bem como os Partidos existentes e os em organização para as Eleições de 2014 com o tamanho do desafio, para constatarmos isso. Um Governo de Coalizão entre PT, PMDB e PSDB é um “sonho impossível”. Nem eles o fariam e tampouco o Brasil merece essa consideração deles. Assim, se quisermos um “Brasil Novo”, temos nós Eleitores, que começar a forçá-los a mudar, para que em 2022 tenhamos lideranças e partidos políticos representativos. Senão..., não sei! Certamente não gostaria de estar aqui para ver, principalmente porque aos 80 anos, morre-se sem poder lutar, além de ver os filhos, netos, bisnetos e amigos morrendo sem nada poder fazer com nosso “espírito revolucionário aposentado”.

Pense comigo ...

Antonio Figueiredo
@ToniFigo1945
Brasileiro, Construtivista e Ativista Federalismo Parlamentarista Unicameral c/Voto Distrital Puro.
Salvador-Bahia-Brazil

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Rituais de Passagem ... Artigo de @ToniFigo1945

Conta a história que a corrupção nasceu com a Humanidade. Não sei exatamente quantos anos Adão e Eva viveram felizes no Paraíso e aqui me lembrei daquele filme, que lançou a Brooke Shields, a LAGOA AZUL. Diz a Bíblia, que passeavam felizes, inocentes e inconscientes da sua nudez até que a “insidiosa” cobra mostrou a Eva o “fruto proibido”. Também não sei por quanto tempo Eva conseguiu manter segredo do seu contato reservado com a cobra, assim também como não sei exatamente que tipo de “fruto proibido” a cobra mostrou à Eva. Guardo severas desconfianças com relação a essa estória de que fosse uma maçã, pois como maçã regularmente, inclusive perambulando pelas ruas e nem por isso vejo maravilhosas e oferecidas  mulheres nuas transitando ao meu redor e nem meus olhos poupados de muito bagulho. A propósito, a conclusão é porque ainda diz a Bíblia, que após come-“la”, tornaram-se conscientes da sua vergonha e nudez. Foi exatamente nesse fato que se configurou o primeiro ato de corrupção da Humanidade e Deus com sua Justiça Divina, um conceito de difícil compreensão nos dias de hoje, “cassou-lhes” as mordomias paradisíacas e jogou-os e à sua descendência à própria sorte e pela primeira vez houve uma condenação por corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e pela teoria do domínio do fato.

Não vou transcorrer aqui sobre a compra de direitos primogênitos com uma sopa de lentilhas, negociações por trinta moedas e mais um sem contar de utilização do método, pois não vou reescrever o que já está escrito. Quero falar-lhes da minha percepção e experiência quanto ao hábito, acontecidas lá pelos idos de 1959, quando adolescente fui obrigado a começar a “ganhar o pão com o suor do meu rosto”, em meu primeiro emprego como “menor aprendiz”. Consistia de recolher correspondências bancárias e pagar contas em uma caminhada partindo da Praça da Sé, Rua 15 de Novembro, Boa Vista, Florêncio de Abreu e depois até a Praça da República e de volta à Barão de Paranapiacaba e isso com “hora marcada” entre às 09:00 hs e 11:00 hs da manhã, além da obrigação de ir ao bar da esquina buscar lanchinhos para os marmanjos do escritório e até mesmo entregar bilhetinhos amorosos desses mesmos marmanjos às moçoilas namoradeiras que se apresentavam nas janelas dos prédios vizinhos.

Comparar tempos, tecnologia e disponibilidade de informação é sempre muito revelador e renovador de conceitos no estudo dos relacionamentos humanos. Na década de 50 a quantidade de domicílios que contavam com aparelhos eletrodomésticos e de televisão, em especial, mesmo nas grandes metrópoles era mínima, pois mesmo a compra de um aparelho de rádio, equivalia à compra de uma televisão de tela plana nos dias de hoje. Mesmo os jornais eram seletivos e discriminativos mantendo uma relação qualidade de informação versus preço e à população mais pobre só eram acessíveis os “tabloides, que espremidos vertiam sangue”, entretanto o “jornalismo de opinião” vivia uma grande época, principalmente pelo final da II Grande Guerra, que decretou também o fim da Ditadura Vargas. À criança a única informação disponibilizada quanto aos “assuntos adultos”, principalmente os Políticos, eram as noções de Moral e Cívica nas quais se restringia à apresentação dos símbolos nacionais e o ensino de hinos. O Patriotismo era ensinado junto com as aulas de História do Brasil e Geografia.

Naqueles tempos um menino ao ser introduzido no mundo adulto através do trabalho, ainda com um pé no mundo infantil, sempre significava uma situação traumática e para quem não sabe ou se lembra, as crianças sempre eram mantidas à distância das conversas e reuniões adultas. “Vá brincar lá fora. Isto não é conversa para pirralhos”, diziam e à criança de treze ou catorze anos, que embora já se atrevesse aos namoricos de beijos roubados, uma nova brincadeira, ficava à distância imaginando o porquê do hermetismo daquele outro mundo. A inclusão em regime de subserviência só era admitida na obediência de ordens adultas, de qualquer adulto, do faça isso ou faça aquilo, vá aqui, vá ali. Esses mistérios tão insondáveis exclusivos dos “mais velhos”, com um misto de curiosidade e segregação nos incitavam a nos tornarmos adultos mais rapidamente. Quem há de se esquecer das primeiras calças compridas com cintos, da voz esganiçada em falsete e dos pelos pubianos, que prenunciavam uma mudança do menino para o rapaz, que rumava ao seu “primeiro dia” de trabalho?

Era assim ao ser introduzido nesse novo mundo que íamos fazer as descobertas por conta e risco próprios. Pouca ou nenhuma informação era dada à criança para essa transição. A pouca educação sexual era a do instinto ancestral velho conhecido nos “troca-troca” e campeonatos de “arco de mijo, de tamanho de piroca e de punhetas” entre a molecada e por isso muitos de tornaram vítimas de pedofilia. Os “direitos do adolescente” eram o “direito a direito nenhum” e em especial quanto ao “direito de opinião”. O jovem adolescente não era “integrado” nessa “nova sociedade” e sim “corrompido” e mesmo assim festejava a sua nova condição de adulto. Com os colegas de trabalho mais velhos, que riam e debochavam da nossa virgindade, descobríamos a “zona” na Praça Julio Mesquita e nas Ruas Aurora e Timbiras, aquelas das “trepadas de 10 cruzeiros”, com direito a gonorreia e “chatos” de brinde, o primeiro “porre de cachaça” nas festas de final de ano, debaixo das risadas de todos os “adultos” e também de suspeitar da troca de olhares entre o “chefe” e a “secretária gostosa”, de quem espiávamos as “calcinhas”. Era pagando com nosso salário as “diferenças de troco” dos caixas de banco, que aprendíamos a “desconfiar” da honestidade alheia e a exercitar a nossa própria desonestidade escondendo os excessos recebidos, os “pasteis não pagos” ao chinês e as passagens sonegadas nos ônibus e bondes sem roleta de então. Não existia ainda o “bullying”.

Um “comportamento democrático” herdado acaba por ser o transmitido, só que nossa geração resolveu, que isso tinha que mudar e não transmitiu o que julgou anacrônico, porém se omitiu em transmitir um “new behavior” e por isso seguiu-se um tempo de “excessiva liberdade” ou “libertinagem” contra todos os tabus. Fizemos a Revolução Sexual, não batizamos nossos filhos em uma religião, não coibimos suas exigências descabidas e tampouco permitimos que passassem pelos apertos, que passamos. Demos e permitimos a eles tudo o que gostaríamos de ter feito ou tido e eles rebeldemente tudo receberam, como se fossem “direitos ancestrais adquiridos”. Ensinamos lhes a “liberdade”, mas não a “responsabilidade”, que à duras penas aprendemos. Ao desobrigá-los do “trabalho adolescente” celebramos como se fosse a “abolição da escravatura”, pensando que se “estudassem” seriam melhores cidadãos. Erramos... Criamos uma geração amoral e a mais competitiva de todos os tempos, para a qual o acesso aos “melhores postos” ainda é uma questão de “seleção natural” pela melhor qualificação profissional. Esquecemo-nos dos ensinamentos de Filosofia. Vae victis... 

Mas desde nossos filhos muita coisa mudou e isto este “velho menor aprendiz”  aprendeu com um enteado de quinze anos já “pai menino” e viciado em drogas, (maconha e cocaína) através do seu comportamento e sua capacidade de iludir e mentir, quanto a sua maior adaptabilidade ao “estilo de vida” sobrevivente de hoje. Mostrou-me ele, que ainda que nessa idade, já conhecia muito mais da vida, que eu aos trinta anos, profissional formado e pai de um filho de 10 anos. Isso aconteceu há vinte e cinco anos atrás e fico imaginando “como e de que forma” esses jovens de hoje trocam, tem acesso e são capazes de digerir tanta informação. Somos capazes de evoluir e acompanhar a evolução dos tempos, mas nossas cabeças não são capazes de pensar no “tempo deles”. Somos analógicos. Eles digitais.

O que se percebe de mais evidente é um choque entre a ideologia da nossa geração com o pragmatismo desta que #vempraqrua. Os valores comportamentais que recebemos de nossos pais, bisavôs desta geração, hoje são chamados de “valores reacionários e burgueses” e, portanto, inadequados para o “progressismo atual”. E é isso que nos cobram. Como aplicar os “valores de ética e moral” em um mundo altamente competitivo, no qual tais valores podem significar uma “desvantagem competitiva”, pois poderá custar o “seu” desemprego, a “sua” faculdade, o “seu” lugar na fila, enfim a “autodefesa do eu”. Alguns, pacificamente exigem a Ética, não como “padrão de moralidade”, mas sim como “igualdade de condições” de competitividade, já outros, iconoclasticamente, “botam prá quebrar”, expondo o desejo íntimo coletivo de fazê-lo e quem diz que admitir isso é admitir a barbárie, que procure desde logo sua caverna de refúgio, porque nos “tempos de hoje”, quem não arranha não mama e é isso que eles querem dizer. Manipulados e financiados ou não.

Por que muitos jovens hoje não querem sair de “debaixo da asa” familiar ou após algum fracasso para lá retornam? Os preparamos mal ideológica, psicológica ou pragmaticamente? Não... Não podem nos culpar, pois afinal cada geração sempre teve que lutar para “conseguir seu espaço” e esta geração não foge à regra. Contudo, se eventualmente nos omitimos em algo ao “preparar o futuro”, ainda há tempo, pois se uma coisa esta geração sempre soube fazer foi “radicalizar e criar”, mostrando-lhes, que se a cultura latina sempre preparou para a guerra ou para a paz exclusivamente e não nos ensinou a “administrar conflitos” como uma fase intermediária e por isso, politicamente, nos preparou para sermos exclusivamente Poder, devemos lembrá-los, que o brasileiro não sabe ser Oposição. Da geração da “obediência cega” partimos direto para a da “desobediência cegante”. Esses são os “rituais de passagem” mutantes no tempo. Temos que cursar junto com eles esses “anos saltados” e aprender a reivindicar com energia, a protestar com razões consistentes, a acusar prudentemente e a punir coerentemente. Acima de tudo a exigir coletivamente olho no olho e dedo na cara aquilo que é nosso “direito cidadão”. Eles ficam com as “gatinhas” e nós agitamos as “bandeiras”...

Pense comigo ...


Antonio Figueiredo
@ToniFigo1945
Brasileiro, Construtivista e Ativista Federalismo Parlamentarista Unicameral c/Voto Distrital Puro.
Salvador-Bahia-Brazil

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Vale uma PEC?

Governo não deveria nomear Ministros que não façam parte do Executivo, ou seja, ‪#‎STF‬ tem que ter autonomia para nomear seus Ministros.

Isto deveria ocorrer via concurso público, onde juízes de carreira poderiam se candidatar, aprovando 3 para que 1 destes, após ser sabatinado pelo colegas do STF, fosse escolhido como novo Ministro, valorizando assim a meritocracia como princípio básico da escolha!

Na minha visão, o alicerce da democracia reside na independência entre os poderes!

Vale uma PEC?

"Três coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente." Sócrates

@jabsrs

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Nem Pro Milico, nem Pro Militonto... Pro Brasilia fiat eximia! @ToniFigo1945

Como dizia o saudoso Fiori Gigliotti, narrador de futebol do passado, quando o rádio era o meio de “falar à nossa emoção”: “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo...” e então o “baba” rolava. Utilizei aqui a expressão “baba”, porque é assim que chamamos na Bahia, a “pelada” entre amigos e é a que mais se adapta à comparação seguinte, pois assim como nos campos de futebol é o “pontapé inicial” em novos escândalos pelos jornais eletrônicos diários e nos de final de semana, preferencialmente no Partido alheio, para que comecem a “pingar” enxurradas de 140 caracteres de “baba” de escárnio, ódio e rancor, pela TL do Tweeter e do Facebook, que são na realidade os #vemprarua mais utilizado dos nossos tempos. Afinal, com a bunda confortavelmente instalada na cadeira, um copo de leite quente com açúcar ou cerveja bem gelada ao lado do teclado, (se tiver uns “tira-gostos”, melhor ainda), é muito mais seguro do que cheirar e chorar spray de pimenta e gás lacrimogêneo e “borrar-se” todo com bombas de efeito moral, (no meu tempo provocavam diarreia), isso sem falar nas “carícias” do cassetete do Pelotão de Choque. Afinal para um “ativista sem fio” o único risco é ter um LER.

É desnecessário dizer que o motivo de tanto alvoroço são as Eleições de 2014 e por isso as tribos já começam a reforçar as “paliçadas” e principalmente, o “telhado” das ocas, pois a guerra promete. Botocudos e nhambiquaras nunca estiveram tão pintados para a guerra e a grossura das “maças” já faz antever a violência e o poder dos “golpes assestados”. A prévia tem sido estimulante. É o roubo no Metrô de São Paulo, é o roubo no PAC, é o roubo do roubo, pois como diz o ditado: Ladrão que rouba ladrão tem 12 anos de mandato a cumprir e assim, resultante do “aterro sanitário” em que se transformou a política nacional, apostam os “caciques de todas as tabas”, que se cumpra a “profecia invertida” ao menos “mau ladrão” nessa nossa Santa Cruz: Ainda hoje estarás comigo no Eixo Monumental. Afinal todos sabem que Brasília, nosso Gólgota, ainda que no centro do continente, é uma “ilha do tesouro” dos “bucaneiros federais”, saqueadores de contribuintes desta Terra mantidos a uma distância bem segura. Este foi o inconveniente da mudança da Capital Federal, pois no Rio de Janeiro estariam no “centro da fogueira” e a “Federação das Tramoias” não nos julgaria mais e há muito tempo como sua imbecilizada propriedade cega e dificilmente insistiria nessa tática do “nós contra eles, contra nós”. Todavia, os acontecimentos por lá em Junho último indicam que o “fosso”, (ou fossa), já não é tão inexpugnável.

Creio que no artigo da semana passada já dediquei o suficiente do meu tempo, das minhas preocupações e da minha indignação nacional particular, (e creio que de muitos), com eles e que já é hora de que sejam eles que devam começar a gastar tempo e preocupação com o que pensamos nós, os eleitores. Ainda que tentem enganar-se, pois a nós não enganam mais, ao julgar que as manifestações ocorridas representam uma minoria ressentida e revanchista contra o “stablishment”, (PT, PSDB ou PMDB e outros “PÊS”), executivo e legislativo, como dizia o filósofo: “Quem tem olhos de enxergar, que veja e quem tem ouvidos de escutar, que ouça”. Da nossa parte só nos cabe dizer-lhe: “Se você não concordar, não posso me desculpar, não canto prá enganar. Vou pegar minha viola, vou deixar você de lado e vou cantar noutro lugar“. Vou cantar para quem acredita que política não se faz e decide com “lixo” e “denuncismo”, a tônica das eleições brasileiras desde 1989 e as únicas “promessas cumpridas” integralmente até hoje. Vou cantar para quem precisa e acredita que exista uma forma coletiva sadia, honesta e respeitosa de ação política a conduzir os destinos da Nação, em que o ideal do interesse comum alie-se ao interesse público engajado e realizador, sobrepondo-se à fraude e à mesquinhez da falta de caráter e de conteúdo.

É unanimidade, que somente a Educação mudará o “perfil cidadão” do brasileiro, tornando-o mais participativo e atuante e é aqui que talvez caiba a mais profunda indagação e desconfiança, quanto a sua consecução. Sempre temos ouvido e dito, que um dos maiores problemas atuais na formação cidadã e pessoal da criança e do jovem reside na atual estrutura do “quadro docente” em todos os níveis do ensino, enxergando-se exclusivamente como educação aquela “formal” provida pelo Estado ou Entidades Particulares. Na verdade esse é um conceito muito mais abrangente e que começa no berço, quando começa a se manifestar a personalidade individual e por isso diz o ditado que “é de pequenino, que se torce o pepino”. Não falo do “torcer o pepino”, como se fazia a 60 ou 70 anos atrás, quando a educação doméstica era violentamente castradora, mas também não podemos nos referenciar nos tempos modernos, onde é o “pepino que torce o hortelão”.

Educar sempre foi “preparar”, (informar), a criança para que esteja “sintonizada” com o seu tempo. Nem tanto lá atrás e nem tanto lá “muito adiante”, mas sim o desafio da “medida certa” à exigência de equilíbrio do ambiente social vigente. É preciso muito tempo, sensibilidade, renúncia pessoal e dedicação para se formar um indivíduo “equilibrado” e não apenas “calibrado” para agir “politicamente correto”. Sempre foi padrão desde as cavernas, que as crianças se espelhem e referenciem em seus pais e assim continuará a acontecer até o fim da humanidade, porém desde sempre, não pelo que os pais “falaram”, mas sim pelo exemplo, que “legaram”. Pelo que se vê nestes tempos de concorrência desenfreada, em que os pais mais do que nunca passam a exigir dos filhos, que se capacitem precocemente para enfrentar o “mundo cão”, impingindo-lhes cursos e mais cursos de idiomas, de computação, de balé, de tênis e principalmente, daquilo que “julgam” tenha sido sua escassez de formação, que os fez “menos competitivos”, vê-se uma terceirização arbitrária da busca de realização pessoal através da programação de “filhos perfeitos”. É o “upgrade” da criança à “imagem e semelhança” de um “ultrapassado” robô social. Sem “avanço cidadão”.

Chega-se com isso até a negar à criança o seu direito sagrado de “brincar como criança” e a criança, que não brinca, não será criança no “seu tempo”, daí termos hoje tantas “crianças extemporâneas” já na idade adulta. Na escola da vida também se “passa de ano” e isso só acontece se à criança se der o que lhe é essencial em doses assimiláveis para cada “ano cursado”, tal e qual em um processo de “alfabetização progressiva”. Sem excessos, nem faltas. A “educação cidadã” compreende principalmente o aprendizado comportamental quanto ao relacionamento social interno e externo à família, a ocupação individual desses espaços e seus limites, a educação financeira e a educação política. Essa é a dinâmica e lógica, pois se “quem sai aos seus não degenera”, muito por certo não vai regenerar os “bugs da geração” predecessora. O processo mais consistente de formação da classe média e sua luta por direitos no Brasil remonta há 40 anos e é o desenvolvimento econômico, quem puxa a educação no seu espectro mais global e assim ressentem-se hoje, o país e os pais, dessa referência para transmiti-las adequadamente às atuais gerações.

Não sou Educador e nem tampouco tenho formação técnica para disparar análises e diagnósticos, mas sou um observador muito atento ao dia a dia brasileiro, além de haver convivido toda minha vida profissional com estrangeiros, o que faço até hoje e é disso que falo. Da comparação comportamental frente aos dias de hoje. A Globalização exige um “upgrade” muito rápido não só no aspecto tecnológico, como também no comportamental, se quisermos estar inseridos e respeitados pelos outros povos e nossas crianças que já nos superam de longe na absorção tecnológica, ainda esperam de nós que façamos a nossa parte, que é ajudá-los a situarem-se “politicamente” nestes novos tempos brasileiro e mundial. Somos acima de tudo “cidadãos responsáveis” em preparar “o caminho” das gerações futuras, legando-lhes um “país justo e ordeiro” e isso incluí acabar com toda e qualquer “estrutura podre”, que impeça esse objetivo. Ainda que não o tenhamos recebido, não podemos nos eximir da responsabilidade de construí-lo e isso não se faz através de 140 caracteres de um “post” no Tweeter.

O título deste artigo, remetendo à legenda na bandeira do Estado de São Paulo, onde muito me orgulho ter nascido, diz: “Pelo Brasil faça o melhor”, faça sua parte, fazendo o que deve e é preciso ser feito com o máximo da sua excelência, não como boi e nem como manada e se você não “vaiprárua”, vá ao menos para o “mundo dos seus filhos, netos, familiares, amigos e conhecidos”. Seja o floco de neve rebelde do alto da montanha... provoque uma avalanche.

“Eu vou!... Por que não? Por que não”. (Caetano Veloso em Alegria, Alegria).

Pense comigo...

Artigo de Antonio Figueiredo
@ToniFigo1945
Brasileiro, Construtivista e Ativista Federalismo Parlamentarista Unicameral c/Voto Distrital Puro.
Salvador-Bahia-Brazil

terça-feira, 6 de agosto de 2013

As moedinhas da "viúva"... Artigo de @ToniFigo1945

Há duas semanas postei um artigo “PARA QUANDO SETEMBRO VIER...”, que transcrevia o discurso de Martin Luther King Jr na Marcha sobre Washington em Agosto de 1963, exortando os leitores a que correlacionassem ao quanto de Brasil poderíamos encontrar no hoje com aqueles Estados Unidos da América de 50 anos atrás. Quis também que pensassem nas consequências e transformações ocorridas na sociedade americana fruto daquele evento após o qual o orador foi assassinado, mas o seu sonho saiu fortalecido, renovado e realizado em grande parte. Alguns poucos, que o viram exclusivamente como Pastor, deixaram de entender o “profundo sentido político” daquela mensagem e dia e que a exortação à luta pelos Direitos Civis de Liberdade, Igualdade e Fraternidade do “negro americano” transcendia em muito a “mensagem da Salvação”. A busca era por uma aspiração real na vida terrena, pois a parte do Sermão da Montanha, que “bem aventurava os humildes, porque deles seria o Reino dos Céus” era insuficientemente incisivo para desarmar o espírito opressor que tem uma “sociedade elitista com poder”.

Pois bem. Decorrida apenas uma semana recebemos a visita do Cardeal Bergoglio, agora investido na autoridade do Papa Francisco I, que nas suas mensagens aos jovens, (de todas as idades), investiu na conscientização de todos de que a esperança da mudança deve sobrepujar a insensibilidade e corrupção políticas, que condenam aos mais desassistidos à educação desigual, à saúde incerta, ao transporte de gado, à segurança crítica e às oportunidades secundárias. Também, que as condições humanas degradantes de moradores de comunidades, como as da Varginha no Rio de Janeiro, das favelas às margens do Rodoanel de São Paulo, do Nordeste de Amaralina em Salvador, ou até mesmo do Forte Apache na sua Buenos Aires, não sejam as “certezas imutáveis” a desestimular essa busca. Mencionei aqui poucas das metrópoles, que carregam um estigma comum a todas e que fazem com que seja principalmente a juventude, que em muitas comunidades periféricas continua a pagar com a vida o “tributo do domínio” ao tráfico, quer seja como seu “operário/corpo armado”, quer seja como seus “clientes cativos”.

Qual a semelhança entre os fatos e os personagens? Não são semelhanças. É a realidade humana dos fatos, ainda que separados por meio século, vista por homens, que transcendem à materialidade do “barro humano” e nele realçam a essência residente, do que é o que de maior existe em todos nós. O “sopro Divino”. E é essa transcendência ao material, que lhes confere um “especial carisma” de enxergar o fundo das almas da Humanidade e dali extraírem seus mais recônditos segredos e aspirações, entendendo suas angústias e dando voz a sua mudez. É a capacidade de lembrar de que é “aquela essência”, que faz da fraqueza uma força avassaladora e do choro quase inaudível um canto de vitória retumbante. Muitos os dizem “eleitos”, mas isso seria negar-lhes o mérito da busca permanente pela Justiça, uma escolha pessoal dos que são sim incansáveis “pescadores de almas”, pois, ainda que religiosos são acima de tudo seres políticos na sua ação e oração, que buscam indicar que é possível o “Reino de Deus na Terra” e que até mesmo um “pensador ateu” vê essencial e é capaz de cantar:  Eu que não creio, peço a Deus por minha gente...

O grande problema de nossos dias é que uma imensa maioria das cabeças políticas com esta capacidade deixa-se dividir por diferenças religiosas, regionalistas, partidárias e ideológicas e assim o objetivo fundamental que é a “missão política” de lutar e gerar o “bem estar social humano” fica subordinado a regramentos particulares, unilaterais e discriminatórios. A “justiça social de esquerda” é melhor do que a “justiça social da direita”, ou o “neoliberalismo” é mais efetivo que o “progressismo” e deste modo o que se discute não é o “sexo dos anjos”, mas a “castidade virtual da prostituição filosófica”. É mais importante o purismo, ou melhor, o “malapurismo” intelectual do que mergulhar na “solução solidária e objetiva dos problemas”. É mais importante que se decida primeiro que a “mudança a minha maneira” prevaleça, para que se principie qualquer processo de mudança. Só o “meu Partido” salva, pois sou melhor que você e “Eu” sou o “mais ungido” que você. “Eu” sou a única solução... “Eu” é o único problema.

 A defesa de causas justas dentro da sociedade tem levado à intolerância coletiva, ao ponto de sete e meio bilhões de vizinhos cada dia mais se encastelarem nos seus privilégios ou misérias como argumento de pressão e revolução e o indissociável destino comum de toda a espécie humana, gregária a princípio como solução à sobrevivência em um ambiente hostil, a cada dia mais se deixa conduzir pelo dito bahiano, de que para a “farinha pouca, o me pirão primeiro”. Meros indicadores, a decantada Igualdade significa apenas uma palavra de ordem poderosa como jargão de protesto, a Fraternidade a indicação de um agrupamento minoritário defendendo distinção grupal exclusiva para sua “seita secreta” e a Liberdade, ora a Liberdade! É só um bem utópico comum e impossivelmente atingível, exceto para quem tem dentes e garras para defendê-la e impor. Vozes e ideias do bom senso não são ouvidas. Talvez porque lhes falte o pano de fundo do exemplo e principalmente da sinceridade, pois seu ideal de objetivo e validade não ultrapassa a data da vitória pessoal ou do seu grupo nas eleições, ou porque simplesmente não existam. Depois só restará o escárnio hipócrita jogado na cara dos “crentes”.

Faltam ao mundo moderno “construtores de nações” imbuídos do ideal de servir. Os que vemos hoje por toda parte são meros “inquilinos temporários” do Poder. O exercício do Poder foi convertido em um campo experimental de teorias sociais particulares, onde uma “grande maioria indefesa”, que eles juram defender e querer privilegiar, são suas cobaias e “escudos humanos” ideológicos. Um “ideal”, como se sabe, é constituído de ideias inovadoras, para suplantar a “habilidade humana ancestral” do medo e resistência às mudanças. Para que tudo se mantenha como sempre foi e esteja em equilíbrio dinâmico esses “novos idealistas” de ideias e ideais velhos e carcomidos ali encontram sua “zona de conforto”. Um neologismo a justificar a covardia e omissão de todos os tempos. “Forças externas” e “resistência das elites” são as desculpas “mal costuradas” de sempre. A demografia mundial expande-se mais fortemente nas camadas mais baixas da população e o desafio da inclusão está longe de ser corajosamente enfrentado, pois a riqueza produzida fica cada dia mais concentrada nas mãos de poucos. Se a classe média vem sucessivamente perdendo participação e se proletarizando e as camadas mais pobres não conseguem ser efetivamente incluídas, a conclusão é óbvia. Não é o “cala boca” dos programas assistencialistas, que promove uma real inclusão. Quando muito minimiza a “linha da miséria estomacal”.

O mal específico do Brasil é o de que há muito vivemos sob um “regime absolutista” das oligarquias partidárias, que governam segundo seus interesses coligados revezadamente, pouco satisfazendo à coletividade, que apenas se ilude com a “aparência democrática” de influir através do voto. O recente “alarido das ruas”, pacíficos ou nem tanto, para mim tem outra tradução. Esses “servidores públicos”, (categoria “contratada” para a satisfação das necessidades do povo), nos impõe seus interesses classistas e uma pesada carga tributária para mantê-los e ao seu “status” em uma espiral de desperdício crescente e insustentável para nossos bolsos e estão “todos” dizendo a eles, que não estamos mais de acordo com sua falta de “espírito público elevado”, “solidariedade cidadã” e dos “primados da justiça social” e por isso devem ser tratados como “empregados desidiosos”, (preguiçosos). 

Quem não cumpre compromissos não pode ter privilégios e salários gordos, pois não os merecem e justificam e desta maneira, que passem a “trabalhar e a ser remunerados” profissionalmente por objetivos alcançados nos Planos de Ação, com os quais de comprometeram e submetidos à nossa análise e aprovação. É assim nas empresas privadas, que o “patrão” exige e é assim que na “coisa pública” o “Povo”, patrão do Executivo, Judiciário e Legislativo quer que seja. Isonomia de direitos e deveres, já que foram lá colocados como “provedores do bem comum” conforme é assegurado pela Lei Maior e se não são competentes em fazê-lo, que sejam demitidos e substituídos. (A guisa de informação, algumas pequenas comunidades americanas têm hoje um “Gerente” - Manager e não mais um “Prefeito” - Mayor).

Os Partidos Políticos como os que temos deveriam ser registrados na Junta Comercial, onde afinal melhor se enquadram por seu “histórico comercial” e assim seriamos dispensados do custo das Verbas Partidárias e Horários Eleitorais Gratuitos, (para eles). E ainda querem nos impor o Financiamento Público de Campanha? Você investiria “um centavo” nas empresas do Eike Batista atualmente? Pois bem por que investiríamos mais esses recursos em “instituições arcaicas e falidas” desde o seu nascedouro e que não nos trazem “dividendos”? Que tentem vender comercialmente ao Povo o seu “produto” e assim poderão “competir em igualdade” com quem desenvolve um trabalho honesto e dirigido ao Mercado. Na pior das hipóteses poderíamos nos defender com base na Lei de Defesa do Consumidor. Se alguém julgar que a análise aqui feita é injusta, gostaria de contrapor com alguns argumentos: 1) A atual estrutura partidária do Brasil já completou 28 anos pós Revolução de 64, porém computado o período revolucionário conta 49 anos; 2) Todos os partidos atuais direta ou indiretamente remetem à Reforma Política de 1945, o que conta já 68 anos; 3) Muitas das lideranças ainda atuantes contam com mais de 50 anos no Poder; 4) A Coesão da “base aliada” ainda se faz pelo “cimento das emendas parlamentares” no jogo do “toma lá, dá cá”. São todos eles uma “piada parlamentar” de muito mau gosto.

Pois bem, PMDB, PSDB/PFL/DEM, PT ocuparam revezadamente a Presidência da República desde 1985 e o único “produto” entregue, relativamente à Representatividade e Sistema Político apresentado, foi a Constituição de 1988, que em relação aos pontos específicos, simplesmente repetiu o que se faz no Brasil há quase 70 anos e o pior, manteve do “lixo autoritário” do Governo Geisel, quanto a “proporcionalidade federativa”. Se em todos esses Governos, que foram majoritariamente coligados no Congresso, não se fizeram as mudanças essenciais não foi porque não tiveram a “maioria política” de conduzi-las, mas sim porque não se interessaram em mudar o atual “status quo”, que unilateralmente os beneficia em detrimento dos “direitos do eleitor”. E desde então o que vemos é um “país novo rico” perdulário e oligarca a fartar-se na “excessiva tolerância contributiva do cidadão omisso” em benefício “deles”, o que os leva a todos, indistintamente, à mesma “fossa comum”. Sucessos como o Plano Real, que foi devido muito mais ao esgotamento do modelo da “correção monetária”, onde ao final somente os banco/instituições financeira ganhavam e todos, principalmente o Governo, perdiam, bem como os atuais Programas Assistencialistas, que se expandiram graças à “bonança das commodities” no Mercado Internacional não são derivados de um planejamento metódico e consequente em prol do “cidadão contribuinte”, que somos todos em todas as camadas sociais, mas que pune em especial aqueles, que menos tem. Planos Plurianuais? Planos de Desenvolvimento do Ensino? Planos Metropolitanos? ... Continuamos a não fazê-los.

Fecho este artigo, com uma lição inesquecível para mim e que aprendi em minha primeira viagem aos USA. Ao chegar a Las Vegas para uma Convenção, o ar seco do deserto e as lentes de contato, que usava, causaram-me grande irritação nos olhos. Dirigi-me a uma farmácia para comprar um colírio, que se não me falha a memória custava US$ 4.57. Ao pagar a conta embaralhei-me com as moedas de 5 e 10 cents, (a primeira maior que a segunda) e não conseguia juntar o devido. Segurava em uma mão um “porta níqueis” comprado a propósito para a viagem com a cara apalermada. A vendedora, atenciosa e cuidadosamente, me pediu desculpas e me tomou o “porta níquel” das mãos, dele extraiu as moedas satisfatórias e do Caixa apanhou três moedinhas de um centavo de dólar como troco. Para livrar-me do embaraço pessoal do fato tentei desprezar o “change”, ao que ela me contestou: 

“NO, SIR. THESE ARE MINE”, (disse-me apontando as que estavam em suas mãos) and THESE ARE YOURS”, disse-me fechando com as suas duas mãos, a minha mão, que empalmava as três pequenas moedas. 

Isto me marcou definitivamente e me ensinou, que se o “seu dinheiro” não é respeitado e principalmente, que se você não cobra o respeito devido por ele, VOCÊ NÃO MERECERÁ e NEM RECEBERÁ RESPEITO ALGUM DE QUALQUER ESPÉCIE. Chamei ao fato: The Three Pennies Lesson. Lembre-se das “moedas da viúva” no Templo e o valor que o Mestre lhes atribuiu...

Pense comigo...

Antonio Figueiredo
@ToniFigo1945
Brasileiro, Construtivista e Ativista Federalismo Parlamentarista Unicameral c/Voto Distrital Puro.
Salvador-Bahia-Brazil